sábado, 1 de janeiro de 2011

O revellion dos extraviados

Esta é minha primeira postagem do ano e nela vou falar nas comemorações dos extraviados. Há quatro ou cinco anos atrás, resolvi juntar todos os que estavam sem rumo num Natal na minha casa. Aquele foi o primeiro Natal dos extraviados. Este ano incrementamos, fizemos o reveillon também. Claro que agora a sede das comemorações varia de acordo com os extraviados da vez. Mas sempre tem um público bom, às vezes menor, às vezes maior, mas um bom público, de gente que não deveria estar à deriva.

Mas o que eu queria mesmo aqui era contar sobre como foi minha virada de ano. Na verdade foi num emaranhado de lembranças e revendo muita gente que há muito eu não via. Começou quando desci do ônibus (estou sem carro há alguns meses) e vi meu sobrinho Bruno (a cara do Samuel Rosa) e pensei: - está cada vez mais “a cara do Samuel Rosa”. Depois cheguei à casa da anfitriã, a Cléo, ex-mulher do meu irmão Deco, portanto, minha ex-cunhada. Adoro ela, que mora no lugar onde me criei. Ela é um daqueles anjos que me aparece quando estou em apuros. Escolhida por meu pai como filha do coração. Então eu sabia que para cada canto que eu olhasse, estaria vendo meu pai querido, aliás, Seu Cido foi pauta de boa parte das conversas, especialmente da sexta-feira à tarde e na madrugada.

Ainda na sexta-feira, resolvi dar uma volta pelo bairro (Liberdade, em Novo Hamburgo) e rever algumas pessoas. Na verdade quando a gente passa de carro a gente não vê ninguém. Mas eu estava a pé. Caminhando em direção à casa da minha outra ex-cunhada (a Neusa, ex do meu outro irmão, o Walmor, e mãe do Bruno), encontrei um primo que há muito eu não via, o Hermínio. Pois é, o problema é que o chamei de Walter (o nome de um dos mais velhos). Que confusão que o tempo faz na cabeça da gente né. Mas enfim, Hermínio me levou até minha tia Nelita, irmã de meu pai, que eu não via há pelo menos quatro anos.

Chegando na casa da Neusa, pude apenas dar-lhe um abraço e desejar tudo de bom, pois ela, que não era uma extraviada, estava indo pra sua festa. Na carona do carro que veio buscá-la, sua mãe, Dona Irma, ainda recebeu meu abraço, esta italiana, aliás, foi quem deu banhos na minha filha até o sétimo dia de vida, quando caiu o cordão umbilical. É pessoa especialíssima.

Das pessoas que ainda moram no bairro, desde que eu saí de lá, há mais de 20 anos, pude ver algumas, talvez não tenha reconhecido outras, ou é bem possível que tenha “tropeçado” em filhos de velhos amigos de infância. Ainda assim isso é bacana, principalmente quando estamos trocando um ano por outro.

Mas, voltemos à festa. Atenção para os integrantes: minha ex-cunhada Cléo, sempre com uma cervejinha básica na mão, em dias de festa; minha mãe, Dona Minda, e suas intermináveis histórias; meu irmão mais novo (dos seis filhos que minha mãe teve), o Volnei, com sua cara séria nas fotos, junto com a esposa Sônia; e obviamente o Gabriel, meu sobrinho de 11 anos, que eu sempre digo que é uma criatura que tem um diabinho de um lado e um anjo de outro, porque é “um pestinha de bom coração”.
Passada a meia-noite, o brinde com os extraviados, a lembrança da filha (ligação para Garopaba à meia-noite é uma loucura, daí preferimos fazer por telepatia); e a ligação para o Dimmi (meu amorzinho que está com as filhas no litoral gaúcho), fiz o que sempre faço quando estou ali em virada de ano: fui abraçar duas primas que adoro – a Lady e a Nelsi – e que felicidade tive ao vê-las bem faceiras (como sempre).

Mas tem mais, logo depois fiquei sabendo que meu afilhado Anderson estava por ali também (na casa do pai dele). Este eu não via há uns seis anos. Está com 22, foi meu primeiro afilhado. E não que eu esteja tão velha assim, mas quase não lembrei seu nome. Ainda bem que o apelido eu lembrava: Preto. Um elegante menino, do tipo grandão, extremamente educado, fala mansa, bonita, um português muito bem articulado. Imagina né, me apaixonei, principalmente quando ele, com todo aquele tamanho, olhou para baixo (ou para mim) e me chamou de “dinda”.

Na volta pra casa, duas cevas na sacada (dos fundos) com a Cléo e com o Gabriel “xaropiando” em volta, como nos velhos tempos. Momento sentimental, falamos até de coisas que desde que voltamos a nos falar (ficamos uns seis anos afastadas, por causa de intriga do pessoal do lado negro da força) não tínhamos conversado. Aliás, nos demos conta de que o período de afastamento só serviu para ficarmos mais unidas ainda agora. Falamos do vô Cido, nosso paizinho. Falamos sobre a vida. Tudo como nos velhos tempos. Só nostalgia no revellion, mas da boa. Na hora de dormir, a vó Minda na cama e a gente, pra aproveitar o ar condicionado do quarto resolveu dormir no chão, Gabriel no meio, soluçando sem parar, e nos fazendo rir. Cada soluço significava três boas gargalhadas.

Depois desse meu relato, que em alguns pontos parece até o velho testamento em suas árvores genealógicas, posso dizer que assim foi o revellion. Assim começou o ano, com boas gargalhadas, o que me fez lembrar de um sábio conselho chinês para a longevidade com saúde, que pretendo instituir em 2011: comer a metade, caminhar o dobro e rir o triplo.

Um abençoado e alegre 2011 a todos!

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